O Mar - John Banville


Bom, não sei bem como esse título me chamou a atenção. Talvez buscando ao longe (tá bom, nem tão longe assim), pode ter sido que meu cérebro fez uma inferência ao livro O velho e o mar de Ernest Hemingway. Quando eu li "O velho e o mar", um livro de poucas páginas e tão profundo, saí da leitura com a sensação de que jamais leria outro livro igual. E é verdade, a gente nunca lê um livro igual ao outro, a gente não faz a mesma observação em uma releitura, enfim, O mar de John Banville me chegou, primeiro pela lembrança de um título de outro livro, e também, por que vi no Skoob da Ladyce, que pra mim é uma boa mina de novos títulos, pois leio as opiniões dela, e também, mesmo quando não concordo, eu acabo lendo pra conhecer também.


A sinopse do livro nos conta o seguinte: "Neste romance, John Banville constrói uma narrativa emocionante, trabalhando a linguagem como um grande artista. Em 'O mar', Banville conta uma história com vários momentos, na qual o narrador, Max Morden, procura viver o presente e o futuro no passado, na busca por recuperar-se da constante presença da morte."

Banville constrói sua narrativa com idas e vindas em seu passado, presente e por assim dizer a projeção do futuro. Narrativa entrecortada, mas que com as palavras certas, e um certo tom irônico e às vezes cômico, nos leva a participar da história, da sua dor, da construção da sua vida e dos momentos por vezes imaginário.

Lidar com perdas, com dor, não é tarefa simples, mas não o torna um livro pesado e arrastado, pelo contrário, apesar de ter deixado em mim algumas marcas, é uma narrativa que nos faz pensar em algumas coisas sim, acerca da vida e da morte.

Em alguns trechos do livro, nos identificamos, pois a linguagem simples e clara do autor, nos leva a essa imediata empatia.

"Há momentos em que o passado tem tanta força que parece que vamos ser aniquilados por ele." página 43


E mais um trecho que me fez pensar bastante:


"Os últimos raios de luz do dia, que eu podia ver em parte pela metade superior da janela do bar que não era pintada, tinham aquela tonalidade raivosa de um marrom-arroxeado que acho comovente, mas, ao mesmo tempo, perturbadora, e que é a própria cor do inverno. Não que eu tenha algo contra o inverno; na verdade, é a minha estação favorita, juntamente com o outono; mas, este ano, esse brilho de novembro parecia o presságio de algo mais do que o inverno, e mergulhei num clima de amarga melancolia." página 212


Eu terminei a leitura assim, dando um suspiro que veio lá do fundo da alma.

Os livros nos escolhem e sempre nos impregnam com suas linhas e palavras, para mim é mágico, por vezes curativo, por vezes arrebatador e também serve de alerta.

A leitura preenche meus dias, meu ser e minha vida, sou grata aos livros por muitas coisas.

E esse livro é mais um dos especiais para mim, e foi um presente da Lunna Guedes.


Por Letícia Alves

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