Dores... (In) dores... (in) colores...
Eu sempre pensei que a vida era assim, cheia de altos e baixos, a gente ia cair, se machucar, mas ia se levantar de novo. Ia espanar a poeira da roupa, passar a mão no joelho que estaria ralado, ia falar um "ai", mas ia seguir em frente.
No outro dia você ia se lembrar de forma engraçada desse tombo, e claro, quando a água do banho com o sabonete fosse direto ao joelho, de novo você ia gritar um "ai", mas ele seria mais brando, apenas uma pequena ardência, até que dias depois, não teria mais isso e ficaria, quem sabe, uma pequena cicatriz.
Os dias iriam passar, você poderia chorar um dia, rir no outro, ou até chorar de tanto rir. Mas você teria forças, e suas pernas te levaria para os caminhos que você pretendia seguir e até por aqueles caminhos que você também nem sabia que existia. O nome disso para mim: é vida, é o aprendizado.
Só que tem uma coisa que ninguém contou, ou por que não quis, ou por que não sabia: que muitas vezes os baixos vão demorar mais para se tornarem os altos. Que a gente ia tropeçar, cair, machucar, levantar de novo, mas mesmo espanando a poeira da roupa, passando a mão no joelho ralado, e sentindo todos os "ais" dessa dor. A dor continuaria latente, persistente, cortante por muito tempo, e você não ia conseguir mais rir até chorar. Pois agora você só consegue chorar até não conseguir mais falar. E fica sempre na expectativa que essa ferida se feche e fique apenas uma cicatriz que você vai se lembra bem depois. O tamanho dessa cicatriz não importa, mas você a deseja mais que tudo nesse momento de dor e lágrimas.
É a vida e o aprendizado, mas ninguém contou que doía mais em algumas pessoas do que nas outras, e que também na maior parte desse tempo você não teria ninguém ao seu lado, mas ao mesmo tempo teria Deus, que fica te olhando e amparando sua queda. Mas você cai mesmo assim, e o levantar tem de vir Dele, e o meu tempo, o seu tempo, não é igual o Dele. Por isso, a dor latente, pungente, ainda persiste.
Por Letícia Alves
Comentários
Costumo ignorar essas dores e imputar outros pensamentos, eles insistem sim, mas eu os mando embora. Claro tem horas que eles são mais fortes, mas quem manda sou eu, normalmente. E assim vou levando, mas confesso que ter alguém ao lado para eu me lançar até no escuro me deixou menos tensa, mas tive que correr atrás até disso.
Um beijo, e desejo que as dores tornem-se ignoradas por você, e você seja a mais forte sempre!
Há quem encontre na figura desse ser, como você, mas eu como descrente, só encontro forças em mim. Levei três anos para sobreviver a um luto e posso lhe dizer "estive sozinha naqueles dias. Era eu e eu" muito porque eu precisava daquele tempo e as pessoas a minha volta tinham aquela estupida mania de dizer "entendo o que você está passando, não é fácil" e eu queria que elas desaparecessem.
Enfim, eu sobrevivi e hoje consigo lembrar daquelas pessoas pelo que elas me deram de melhor e não pelo momento em que foram arrancadas de mim.
Acho que sofrer nunca é fácil, mas é importante. É um aprendizado para que a gente compreenda certos silogismos... rs
bom fim de semana carissima